Carros mais baratos: marcas e concessionárias discutem venda direta para pessoa física
O setor automotivo brasileiro está vivenciando uma significativa transformação com o crescente fenômeno das vendas diretas. Tradicionalmente dominado por transações entre montadoras, concessionárias e clientes corporativos, o cenário está mudando rapidamente com a entrada de consumidores individuais nesse modelo de negócios. Esta mudança, impulsionada em parte pela necessidade das montadoras de aumentar as vendas após a pandemia, está gerando debates acalorados e questionamentos sobre as estruturas tradicionais de venda de veículos no Brasil.
Compreenda como funciona a venda direta no setor automotivo
A venda direta, que permite às montadoras vender veículos diretamente ao consumidor final, sem passar pelos concessionários, apresenta vantagens significativas em termos de custos. As montadoras conseguem evitar os impostos associados às vendas no varejo, incidindo tributos apenas sobre os preços de custo.
Isso resulta em preços mais competitivos para o consumidor final, aumentando potencialmente o volume de vendas. A prática tem sido amplamente adotada por novos entrantes no mercado, como a marca chinesa GWM, que busca fortalecer sua presença no Brasil.
A relação entre fabricantes e concessionários no Brasil é regulamentada pela Lei Ferrari, criada em 1979. Esta lei exige que as montadoras vendam seus veículos por meio de concessionários, mas diante do novo cenário, muitos argumentam que a lei precisa ser revisada.
Buscando Consenso e Equilíbrio
Os concessionários expressam preocupações com a perda de vantagens econômicas frente às montadoras, já que a maior parte de seu faturamento provém de atividades pós-venda e venda de seminovos.
Recentemente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) se reuniram para discutir o futuro das vendas diretas.
Existe um consenso crescente sobre a necessidade de encontrar um equilíbrio que beneficie tanto as montadoras quanto os concessionários. Para os consumidores, a venda direta representa uma oportunidade de adquirir veículos a preços mais acessíveis, embora as entregas ainda sejam realizadas pelos concessionários.
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A Perspectiva do Consumidor e o Futuro do Mercado
As vendas diretas oferecem uma vantagem clara para os consumidores em termos de preço, mas também levantam questões sobre o papel e a relevância futura dos concessionários.
Quase metade das vendas de veículos no Brasil já ocorre sem a intermediação dos concessionários, uma tendência que desafia as estruturas tradicionais do mercado. Ao mesmo tempo, a questão da exclusividade de marca e territorial, garantida pela Lei Ferrari, está sendo questionada, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) examinando a legalidade dessas práticas.
A transição para um modelo de vendas diretas mais abrangente apresenta tanto desafios quanto oportunidades para todos os atores do mercado automotivo brasileiro. Para os concessionários, a adaptação a esse novo cenário pode requerer uma reavaliação de suas estratégias comerciais, focando mais em serviços pós-venda e no mercado de veículos seminovos.
Para as montadoras, a venda direta representa uma oportunidade de aumentar as vendas e solidificar a presença no mercado. No entanto, é crucial encontrar um equilíbrio que respeite os interesses de todos os envolvidos, incluindo a proteção dos direitos dos consumidores.